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Sobre os Ataques Homofóbicos na Av. Paulista


Vejo o caso de São Paulo que, teoricamente, deveria ser o Estado brasileiro com a consciência mais "aberta" (se fosse proporcional a toda "riqueza" que circula por lá), como um reflexo da intolerância do brasileiro em vários sentidos.


Nada mais simbólico e revelador do que os ataques homofóbicos que estão acontecendo atualmente, tendo como cenário a avenida mais poderosa do país. Isso é resultado de como nós, brasileiros (de São Paulo, de Brasília, de Manaus ou de qualquer outra parte dessa imensa nação), criamos, direta ou indiretamente, esse tipo de realidade.


Não é o paulistano que é mais intolerante do que os outros brasileiros. Mas o que acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro ainda é um termômetro de como andam as crenças dos brasileiros como um todo, porque são cidades que atraem brasileiros de todas as regiões.


O Brasil é um país que carrega um histórico de governos com ideias fundamentadas no Absolutismo e isso ainda está entranhado na nossa sociedade nos privando do exercício da plena cidadania até hoje. O brasileiro ainda age de forma a não exigir seus direitos também como consequência dessa influência secular.


E quem não reconhece os próprios direitos também não reconhecerá o direito dos demais. Isso atinge todos os setores da população. E não adianta apenas culparmos os governantes. É cada um de nós, enquanto indivíduos, que alimentamos esse tipo de consciência.


No caso da homofobia, não se trata de questões de gênero nem de opção sexual. É uma questão de desequilíbrio das energias masculina e feminina que a nossa sociedade acentuou ao longo da sua história.


Assisti à TV esses dias e fiquei abismado com a quantidade de cantores de música de cunho religioso que as gravadoras estão comercializando. E estava me perguntando que tipo de consciência é essa que clama por um "deus" externo, dramático e controlador.


As religiões estão cada vez mais inseridas também na política. As propagandas político-partidárias estão repletas de crenças religiosas que condenam as relações afetivas fora do padrão "homem-mulher" ou qualquer outra forma de expressão que esteja fora dos padrões "fundamentalistas" que eles pregam.


Um partido, por exemplo, na sua propaganda eleitoral, semana passada, limitou a família como o resultado do encontro de um homem, uma mulher e filhos. Mas será que só existe esse tipo de formação familiar?


Não há outra forma de lidar com essas questões a não ser sair de toda essa "consciência de massa", que rotula e subdivide os humanos em vários tipos, espécies, categorias... Por trás de cada um desses discursos sobre indivíduo, família ou sociedade há grande quantidade de mensagens que são colocadas de forma "politicamente correta" e até mesmo compassiva, mas que, no fundo, podem estar reiterando muito mais desequilíbrio e preconceito.


Respiremos com consciência antes de comprarmos algumas dessas ideias para não continuarmos nos deparando com toda essa intolerância.



(LH)



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