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A Morte e o Sexo


Morte. Só em falar esse nome já traz grande carga de medo e de negação. Sexo. Também é um nome que, só em ser falado, gera vergonha, tabu. O que esses dois têm em comum? A morte é temática constante nas Igrejas. Mesmo naquelas que acreditam que a morte é apenas o fim de tudo, é preciso se preparar para a morte para não ser condenado no "juízo final". E, para evitar o "inferno", obrigações e preceitos devem ser seguidos para se tornar uma “pessoa de bem”, livre de pecado. O sexo é algo sujo e proibido pelas Igrejas, salvo se for exclusivamente para "perpetuação da humanidade". Mas, se assim for, para que diabos se mantém esta crença, visto que a população está se “explodindo” na casa dos 7 bilhões de habitantes? Parece que já existem pessoas o bastante aqui na Terra... Morte e sexo são usados como ferramentas perfeitas para causar culpa, vergonha, medo. São armas de controle e manipulação. Que forma melhor de controlar e hipnotizar alguém se não através do sexo!


Muitos jogos de sedução podem acabar em exploração, falta de respeito, abuso, mas muitos se "resolvem" na cama, onde tudo volta às "mil maravilhas". E muitas pessoas ficam presas anos e anos neste verdadeiro "roubo de energia". No caso da morte, através da crença de que é preciso fazer o bem aqui na Terra a fim de ser salvo na hora do "fim", isso mantém as barganhas, as negociações com um deus externo criado por alguém.


É preciso cumprir a vontade deste deus e fazer tudo que foi designado por ele. É preciso fazer sacrifícios, até mesmo para manter a saúde e o bem-estar, para evitar que a Dona Morte - encapuzada, feia e temerosa - não bata à porta tão cedo. Por que não disseram que a morte pode ser também sinônimo de liberdade? Porque, assim, as pessoas se expressariam com soberania. Teriam prazer na vida sem culpa e, portanto, não cederiam às barganhas em nome de ninguém. Desse modo, como as religiões sobreviveriam, já que seu maior combustível é inspirar o drama, o medo e a culpa?


Mesmo os que acreditam que é preciso viver plenamente, pois a morte pode chegar surpreendentemente, segundos depois estas mesmas pessoas parecem se esquecer disso, por estarem tão condicionadas a achar que para se ter alguma alegria na vida é preciso lutar e se esforçar. A morte pode ser o sinônimo de liberação. Não apenas do corpo. Também, liberação de conceitos. Liberação dos velhos modos ou do que não funciona mais. Liberação do controle, dos jogos de manipulação, do medo.


O medo é uma ideia preconcebida de algo que poderá acontecer. É o receio pelo desconhecido. Mas o desconhecido é simplesmente algo que ainda não se experimentou. Com a liberação, abrimos espaço para experienciar outros potenciais. O sexo é um campo muito fácil para se perder energia quando não estamos nos amando em primeiro lugar. Não há nada de mal ou de errado em perder energia. Mas a energia de força da vida, que está dentro de nós, é exaurida.


Não temos prazer nem com as pequenas coisas e vivemos com a sensação de incompletude, sempre em busca de algum prazer inatingível ou até mesmo negamos o prazer. Portanto, não estamos verdadeiramente vivendo. Liberdade é ter consciência de viver além de quaisquer conceitos ou crenças. É poder se abrir ao Novo. As crenças impostas pelas religiões e pela sociedade em geral são seculares e, por isso, parecem quase impregnadas em nossa consciência.


Mas podemos fazer uma respiração profunda e nos desconectarmos de toda essa onda de "pré-conceitos". E nos conectamos à nossa verdadeira "essência" para sentir o que realmente queremos criar e escolher para nossa vida.

(Aline Bitencourt)




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